domingo, 4 de setembro de 2011

A importância dos núcleos de povoamento na expansão da colonização sergipana

Ao estudarmos o período colonial da Província Sergipana, notamos que a historiografia clássica, diferenciava a colonização da América portuguesa da espanhola. Historiadores brasileiros afirmam que no domínio espanhol a vida urbana era intensa e no português, vivia-se sob um total “desleixo”, como percebeu Sergio Buarque de Holanda, em “O Semeador e o Ladrilhador”, revelando o descuido dos portugueses pelos núcleos de povoamento na América portuguesa. A historiografia clássica também nos revela que os núcleos de povoamento foram essenciais para expandir a cristandade no interior do Brasil, segundo Raminelli a força simbólica da cidade colonial era um dos esteios da dominação portuguesa. As Igrejas, sedes paroquiais, conventos, cruzeiros e os espaços reservados na frente das igrejas, ocupavam enormes áreas e se apresentavam como visíveis de longas distâncias. “Eram peças importantes na encenação promovida pela Igreja, pois reafirmava diariamente o contato entre o sagrado e os homens”. (1992:172).
Os núcleos de povoamento podem ser vislumbrados como: um apêndice do engenho; um parasita, vivendo da produção agrícola do campo; meio caminho entre os engenhos e os centros europeus de comercialização do açúcar; mero aparelho administrativo; um habitat de burocratas, uns poucos artesãos e muitos desocupados; um local de marasmo. A primeira atividade da Província Sergipana foi a criação de gado, construindo-se então uma sociedade do couro. A historiadora Lílian da Fonseca Salomão, por exemplo, considera que desde o início da colonização, Sergipe tornou-se um espaço para pastagem, os colonos tiveram dificuldades de se estabelecerem nessa localidade, essa situação levou mais ainda à lentidão da penetração portuguesa no Brasil nessa região entre o rio Real e o São Francisco. (SALOMÃO,1996:105-115).
São Cristóvão foi o primeiro núcleo de povoamento da capitania de Sergipe e não acompanhou o desenvolvimento econômico agroexportador do açúcar como outras capitanias vizinhas. Para a maioria dos estudiosos sobre História de Sergipe, os núcleos de povoamento não possuíram funções importantes na sociedade. A historiadora sergipana, Maria Thetis Nunes, em seu texto “A Vida Urbana na Capitania de Sergipe Del’Rei”, cita os núcleos de povoamento na vida colonial sergipana como: “Sociedade predominantemente rural, a precariedade dos núcleos urbanos caracterizou a vida colonial sergipana”. (NUNES, 1996:170). A referida historiadora também se utilizou como fonte de estudo sobre os núcleos de povoamento, a correspondência enviada em 1799 a D. Maria I pelo ouvidor Antonio Pereira de Magalhães Paços, selecionando como sua fonte de pesquisa o seguinte trecho: “As vilas da Comarca de Sergipe são um agregado de casas fechadas: Seus habitantes que vivem na povoação são pobres, apenas há o Pároco, o Escrivão e alguns oficiais de Justiça. Estão despovoadas, Solitárias (...). (PASSOS, 1799: Apud NUNES, op. Cit,p.170-171).
Para Nunes, A humildade prevalecia, São Cristóvão do Século XVII, foi um núcleo de burocratas e religiosos, as casas que circundavam a sede da capitania, eram muito pobres, de taipa, de telhas vã, cobertas de palhas. Vê-se que a pobreza imperava nessa capitania.
No século XVIII, São Cristóvão começou a transformar-se, tornando-se um ponto de “convergência dos engenhos do vale do Vaza-Barris” (Op. Cit, 172), para Nunes, um entreposto que serviu para facilitar a exportação dos produtos e a cobrança de impostos, além de outras mudanças importantes como a construção de sobrados e igrejas.
O século XIX, segundo a autora, foi marcado por transformações mais significantes devido ao desenvolvimento econômico trazido pelo crescimento da produção do algodão e do açúcar. Em de 17 de março de 1855,o ato do Presidente Inácio Joaquim Barbosa, transfere a Capital da Província de Sergipe para o povoado de Santo Antônio do Aracaju, trazendo a decadência da Cidade.

Fonte: SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.

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