quarta-feira, 30 de maio de 2012

sábado, 26 de maio de 2012


Relatório da viagem ao Sertão

Durante os dias 14 e 15 de abril foi realizada uma visita técnica aos rincões sergipanos. A viagem ao sertão foi promovida pelo professor Antônio Lindvaldo Souza, como parte integrante da aula pública da disciplina Temas de História de Sergipe I e teve como o objetivo de  conhecermos mais sobre o sertão e à nossa caatinga.
A primeira parada foi em Gararu, onde  visitamos a igreja Sagrado Coração de Jesus, influenciada pelo Vaticano 1º, cuja predominância foi a do catolicismo penitencia, antes igreja integrante da diocese da cidade de Propriá. Dando continuidade a visita seguimos rumo ao para o Curral de Pedras, localizado numa fazenda pertencente ao senhor Pedro, um senhor de 80 anos que através de suas experiência e simpatia nos apresntou a estrutura do Curral, tecendo fatos sobre a história das construções de cercas de pedras que circunda a fazenda, funcionando como meio de delimitação do Curral, proteção e separação para o gado e porco, bem como para cercar as plantações de arroz protegendo-as das inundações em épocas de cheias do rio São Francisco, o que hoje, depois da construção da hidrelétrica de Xingó não mais ocorre, causando diversos transtornos para os que dela precisavam, pois com as cheias do velho Chico, advinha-se também a fartura, o a garantia de emprego e sobrevivência (...continua)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Relatório sobre o I Seminário: Índios em Sergipe e Índios Xokó (Hoje) realizado nos dias 19 e 20 de abril do ano de 2012


Durante os dias 19 e 20 de abril deste ano, foi realizado na Universidade Federal de Sergipe o primeiro seminário: Índios em Sergipe e Índios Xokó (Hoje), idealizado e realizado pelo Grupo de Pesquisa Culturas, Identidades e Religiosidades (GPCIR), ligado do ao Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe, com a coordenação do Prof. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa, que deu início aos trabalhos apresentando a comissão organizadora e de maneira eloquente fez um síntese sobre a importância do estudo dos índios em Sergipe para entendermos a nossa História.

O Seminário teve como objetivo principal fazer o resgate da cultura indígena sergipana. Os palestrantes convidados para palestrar no primeiro dia foram a antropóloga Beatriz Gois Dantas, que abordou a temática Índios em Sergipe e durante as décadas de 1970 e 1980 teve um importante papel no resgate da memória dos povos indígenas sergipanos, dando um ponta pé inicial aos estudos sobre os índios em Sergipe, especialmente índios Xokó, contribuindo com o reconhecimento  desse povos na história sergipana; o professor Pedro Abelardo – A Catequese e a Civilização dos Índios no Império; o graduado em História Whitney Fernandes - As Atitudes dos Índios de Pacatuba Diante a Usurpação de Suas Terras. O segundo dia de palestra foi pautado pela identidade e luta do povo Xokó,  e teve como palestrante Apolônio Xokó –  Luta do Povo Xokó; o professor  Avelar Araújo Santos Junior: O Movimento Indígena e a Atualização de Suas Pautas de Luta.

A pesquisadora Beatriz Goes Dantas, introduziu sua explanação elencando a classificando indígena à época do descobrimento, entre Tupis e Tapuias, em seguida denominou os nomes dos primeiros grupos indígenas  a viverem em terras sergipanas entre os séculos VI e XX, sendo eles, Tupinambá, Kiriri, Kaxagó, Boimé, Karapotó e Aramuru. A mesma seguiu abordando sobre os tupinambás, que eram os grupos mais presentes no território sergipano. Descreveu alguns aspectos sociais, estruturais, políticos e religiosos dos tupinambá como as aldeias com malocas, roças, sobretudo de mandioca, a rede, o modo de fazer o fugo, a guerra traço cultural extremamente forte, pois era um mecanismo que permitia ascensão social, apontando o ritual antropofágico como elemento essencial da cultura tupinambá.

Explicitou também que para se entender o que se passa com o índio em Sergipe, tem que entender todo o processo de conquista da colonização do Brasil, onde índios e Europeus se encontram. Ilustrando ainda a economia de subsistência dos indígenas, a exploração do pau Brasil, a catequese dos mesmos pelos jesuítas, que teve uma missão de converter os índios a religião católica. Em 1590 é o marco de conquista em Sergipe por Cristóvão de Barros, dizimando os índios em Sergipe, afastando-os os sobreviventes para outras regiões, morrendo em média 1.600 e cativando cerca de 4.000. Encerra sua palestra informando que na Constituição Federal os índios têm os seus direitos assegurados. (Continua...)

terça-feira, 22 de maio de 2012


Hans Staden – O Filme

A obra cinematográfica Hans Staden (1999), surgiu da idealização do diretor Luiz Alberto Pereira. O filme tem duração de 100 minutos e relata a vida do aventureiro alemão que com a pretensão de chegar até as Índias, e de maneira fortuita acabara ancorando no Brasil e num cenário exuberante relata suas impressões sobre as terras recém-descobertas pelos portugueses, com os quais fez sua primeira  viagem marítima.
O longa metragem mostra que Hans Staden durante uma caçada em terras brasilicas é aprisionado pelos tupinambás ficando sob seus domínios e ameaçado de morte através do ritual antropofágico. A antropofagia é marcada por ritos sagrados, por simbolismos complexos e essa prática para os tupinambás correspondia a uma vingança ancestral, onde vingariam seus parentes e amigos mortos e comidos por seus inimigos, onde a troca de mortos formava um ciclo cosmológico interminável, perpetuando assim seus guerreiros.
A cerimônia antropofágica lhe causou um choque cultural muito grande, transformando uma prática alimentar em um signo de barbarização, de ausência de civilização, na qual não lhe concebia qualquer justificação. Ao tempo em que se maravilhavam com as descobertas do novo mundo, repudiavam seus hábitos.
Ao ser aprisionado, ele manifesta a todo tempo a sua fé em Deus, rogando e implorando salvação, pois sua morte já era prevista, sabia que ia ser devorado pelos ditos selvagens, que os julgavam ser um português, seus inimigos declarados. E seja por fé ou acaso, ele conseguiu impressionar os tupinambás com suas supostas profecias, ganhando aos poucos a confiança dos mesmos. Infrutíferas foram suas tentativas fuga e através do envio uma boa carga de mercadoria enviada pelos franceses fora negociada sua liberdade, retornando a Europa.

Referências Audiovisuais:


PEREIRA, Luiz Alberto. Hans Staden. Brasil/Alemanha, São Paulo, Lanfi lme Brasil, legendado, colorido, DVD, 1998, 100 min.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Delícias do Descobrimento: a gastronomia brasileira no século XVI

            O livro Delícias do Descobrimento: a gastronomia brasileira no século XVI, de Sheila Moura Hue, foi publicado pela editora Zahar em 2008 e é considerada uma obra de valor singular ao conhecimento da cozinha do Brasil no século XVI, sendo adotado em escolas e universidades. A referida obra possui uma escrita esclarecedora e nos aponta deveras informações a respeito da gastronomia brasileira naquele século.  A autora é doutora em Literatura Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, é coordenadora do Núcleo Manuscritos e Autógrafos do Real Gabinete Português de Leitura.
             A obra é pautada em textos de época visando recuperar o que se comia no Brasil no primeiro século após o descobrimento, esses textos eram de missionários, navegadores, aventureiros, viajantes e senhores de engenho que descreveram com riqueza de detalhes a fauna e a flora do Brasil do século XVI. Dividida em três capítulos: plantas, animais, e outras comidas e bebidas. Plantas (frutos, legumes e cereais); animais (mamíferos, aves, peixes, invertebrados aquáticos, repteis, anfíbios e insetos); outras comidas e bebidas (sal, ovos, mel, mingau, farinha e bebidas) além de uma lista de receitas.
            As plantas foram elencadas pelo seu gosto, aspecto, seu caráter medicinal e até mesmo o seu caráter simbólico, a exemplo o maracujá que genuinamente era nomeado fruto da paixão, pelos missionários europeus que identificaram simbolicamente a flor do maracujá a imagem da Paixão de Cristo. O fruto brasileiro, marcante no cheiro e paladar, foi eleito para representar a principal história bíblica. A coroa floral como representação da coroa de espinhos, os três estigmas da flor simbolizavam os três cravos que prenderam Jesus Cristo na cruz, e as cinco antenas florais, as cinco chagas de Cristo; as gavinhas eram os chicotes com que o açoitaram e o fruto redondo representava o mundo que o Cristo veio salvar.


            Outras frutas também foram destacadas, sendo elas nativas ou trazidas pelos viajantes, como o abacaxi, a manga, o caju, a banana, o mamão, a goiaba, o limão etc. Ao retratar a mandioca a autora além de discorrer sobre o seu cultivo pelos índios, como sendo este o seu principal alimento desde a chegadas dos europeus às terras brasílicas, discorre também como foi imediatamente exportada em 1575. Deliciando-se todos que aqui aportavam. A farinha de mandioca também teve sua importância , seu preparo e o cuidado para extrair veneno e seus vários usos na culinária nativa e adotada pelos viajantes daquele século. A fauna brasileira é descrita como exuberante e exótica, sendo alvo predatório, tanto para a gastronomia como para sua exportação, sendo eles lagartos, cobras, jacarés, e até insetos. Os peixes foram citados como bons para consumo, os anfíbios, as rãs também eram apreciados. Aves como galinhas e papagaios também eram muito consumidas, além explorarem no caso dos papagaios suas penas e plumas.
             Enfim a obra é “recheada” de ingredientes típicos ou adaptados do novo mundo, é esclarecedora no que se tocante ao que se comia no Brasil no primeiro século após o descobrimento.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: HUE, Sheila Moura. Delícias do Descobrimento: a gastronomia brasileira do século XVI. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2008.