terça-feira, 15 de maio de 2012

Delícias do Descobrimento: a gastronomia brasileira no século XVI

            O livro Delícias do Descobrimento: a gastronomia brasileira no século XVI, de Sheila Moura Hue, foi publicado pela editora Zahar em 2008 e é considerada uma obra de valor singular ao conhecimento da cozinha do Brasil no século XVI, sendo adotado em escolas e universidades. A referida obra possui uma escrita esclarecedora e nos aponta deveras informações a respeito da gastronomia brasileira naquele século.  A autora é doutora em Literatura Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, é coordenadora do Núcleo Manuscritos e Autógrafos do Real Gabinete Português de Leitura.
             A obra é pautada em textos de época visando recuperar o que se comia no Brasil no primeiro século após o descobrimento, esses textos eram de missionários, navegadores, aventureiros, viajantes e senhores de engenho que descreveram com riqueza de detalhes a fauna e a flora do Brasil do século XVI. Dividida em três capítulos: plantas, animais, e outras comidas e bebidas. Plantas (frutos, legumes e cereais); animais (mamíferos, aves, peixes, invertebrados aquáticos, repteis, anfíbios e insetos); outras comidas e bebidas (sal, ovos, mel, mingau, farinha e bebidas) além de uma lista de receitas.
            As plantas foram elencadas pelo seu gosto, aspecto, seu caráter medicinal e até mesmo o seu caráter simbólico, a exemplo o maracujá que genuinamente era nomeado fruto da paixão, pelos missionários europeus que identificaram simbolicamente a flor do maracujá a imagem da Paixão de Cristo. O fruto brasileiro, marcante no cheiro e paladar, foi eleito para representar a principal história bíblica. A coroa floral como representação da coroa de espinhos, os três estigmas da flor simbolizavam os três cravos que prenderam Jesus Cristo na cruz, e as cinco antenas florais, as cinco chagas de Cristo; as gavinhas eram os chicotes com que o açoitaram e o fruto redondo representava o mundo que o Cristo veio salvar.


            Outras frutas também foram destacadas, sendo elas nativas ou trazidas pelos viajantes, como o abacaxi, a manga, o caju, a banana, o mamão, a goiaba, o limão etc. Ao retratar a mandioca a autora além de discorrer sobre o seu cultivo pelos índios, como sendo este o seu principal alimento desde a chegadas dos europeus às terras brasílicas, discorre também como foi imediatamente exportada em 1575. Deliciando-se todos que aqui aportavam. A farinha de mandioca também teve sua importância , seu preparo e o cuidado para extrair veneno e seus vários usos na culinária nativa e adotada pelos viajantes daquele século. A fauna brasileira é descrita como exuberante e exótica, sendo alvo predatório, tanto para a gastronomia como para sua exportação, sendo eles lagartos, cobras, jacarés, e até insetos. Os peixes foram citados como bons para consumo, os anfíbios, as rãs também eram apreciados. Aves como galinhas e papagaios também eram muito consumidas, além explorarem no caso dos papagaios suas penas e plumas.
             Enfim a obra é “recheada” de ingredientes típicos ou adaptados do novo mundo, é esclarecedora no que se tocante ao que se comia no Brasil no primeiro século após o descobrimento.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: HUE, Sheila Moura. Delícias do Descobrimento: a gastronomia brasileira do século XVI. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário